segunda-feira, 30 de setembro de 2013

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

LUÍS PASTEUR (1822-1895) 28 DE SETEMBRO RECORDAR UM GÉNIO E FILANTROPO


       
      Na base da cura de doenças epidémicas estiveram investigações e estudos levados a cabo, na maior parte dos casos, não por médicos mas por químicos. A Europa de 1815 assistiu à derrota de Napoleão em Waterloo. Em1831 Charles Darwin partiu para a sua viagem à volta do mundo para estudar as origens das espécies. Entre estes dois acontecimentos, nasceu a 27 de Dezembro de 1822, em Dale, no Leste de França, Luís Pasteur, terceiro filho de Jean-Joseph Pasteur, industrial de peles. Luís frequentou a escola de Arbois e em 1839 entrou para o Colégio Real e Besançon para cursar Letras e Ciências, mas curiosamente não teve grande nota a Química, disciplina que o tornaria famoso e admirado. Seguiu-se a Escola Normal Superior, em 1843, tendo-se distinguido como bom aluno nas Cadeiras de Física, Matemática e Química. Os colegas admiravam a sua vontade indomável e as muitas horas que dedicava ao estudo.
             Pasteur fez o doutoramento em Ciências, a 23 de Agosto de 1847, apenas com 25 anos. Nesse tempo a ignorância sobre as bactérias era grande e não se sabia que estavam espalhadas no ar, por todo o lado. O médico húngaro Ignaz Semmelweisse, nesse mesmo ano aconselhava todos os médicos a lavarem bem as mãos com água e sabão. Esse simples gesto fez decrescer significativamente o número de parturientes que sucumbia, devido a febres contraídas logo após o parto, provocadas por germes. Mais tarde Pasteur estudaria também os efeitos dos micróbios (termo que data de 1878) causadores das febres puerperais.
             Um dos fundadores da química orgânica foi Jean-Baptiste Dumas, que Pasteur sempre considerou o seu pai espiritual, a cujas aulas assistiu na Sorbonne e que foram o incentivo para que o jovem Luís estudante se sentisse atraído em prosseguir os estudos da química do sangue. Depois, entre 1844 e 1847, Pasteur irá estudar os ácidos contidos nos frutos observando-os ao microscópio e expondo-os à luz polarizada, até chegar a conclusões inéditas. Foi o seu primeiro triunfo científico, que apresentou publicamente na Academia das Ciências de Paris. Já professor de Química em Estrasburgo, aos 27 anos, casa com Marie Laurent, filha do reitor da universidade dessa cidade, e tiveram cinco filhos, tendo apenas dois chegados à idade adulta. As mortes de dois filhos ainda muito pequenos com febre tifóide afectaram vivamente o casal Pasteur e foram decisivos para o prosseguimento dos estudos e investigações sobre as doenças causadas por micróbios. Porém Pasteur ficou sobretudo famoso pela descoberta da vacina contra a raiva, em particular pela circunstância de estar em risco a vida e uma criança.

A segunda metade do séc. XIX foi o primeira grande época das descobertas científicas na química, medicina e princi-palmente biologia – e contou com um número considerável de grandes investi-gadores que transformaram o mundo, até aí pasto de mortíferas e inexplicáveis doenças, num planeta onde a mortalidade infantil começou a decrescer visivelmente. No séc. XX, as vacinas, os antibióticos e as anestesias permitiam que o sofrimento físico da humanidade fosse significativamente reduzido. Hoje esquecemos como eram comuns epidemias que devastavam números astronómicos de pessoas em vastas regiões dos continentes europeus, africano e asiático, às portas do séc. XX. Em finais de Setembro de 1892 grassava uma epidemia de cólera na Europa que abrangia a Alemanha, Áustria, Bélgica, França e parte da Rússia, ao ponto de ser notícia de primeira página no jornal português O Século. A população de Portugal, devido à situação geográfica e à pouca mobilidade das pessoas, não foi contaminada. 

A vacina que salvou o jovem José Meister


             É mundialmente conhecido o caso do rapazinho alsaciano de nove anos, José Meister, que, em Julho de 1885 foi mordido catorze vezes por um cão com a doença da raiva. A mãe suplicou a Pasteur que lhe salvasse o filho. Até à data ninguém sobrevivera a estas mordeduras. O cientista esteve hesitante, porque ainda só testara a sua vacina em animais e era um risco enorme experimentá-lo num ser humano. Pasteur disse mesmo ao seu colega de investigação Emílio Roux que estava disposto a servir ele próprio de cobaia para poder testar a reacção. Porém surgiu esta emergência e Pasteur passou momentos de angústia até se decidir. E pensou: se o rapaz morre depois de vacinado? Como as hipóteses de sobrevivência sem vacina eram nulas, arriscou. Luís Pasteur era químico e hoje diríamos biólogo, mas não era médico, por isso não podia ser ele a ministrar a vacina sob pena de ser processado. Pediu então ao dr. Grancher, seu assistente que o fizesse. Sessenta horas depois de ter sido mordido, José Meister recebeu a primeira de 12 injecções anti-raiva, que lhe foram sendo injectadas uma após outra sob apertada vigilância. Família e cientistas aguardaram várias semanas. Por fim o jovem sobreviveu. Este jovem ficou para sempre agradecido a Pasteur e deu mesmo a vida por ele, já vamos saber como e quando.
             A repercussão do sucesso da vacina anti-rábica foi tal que a Academia das Ciências desenvolveu um projecto para criar uma instituição de investigação (futuro Instituto Pasteur) que foi bem acolhido no estrangeiro, tendo o próprio czar Alexandre III contribuído com cem mil francos. O Instituto foi inaugurado em 1888, no mesmo ano em que Vicent Van Gogh pintava na Provença, a sequência dos «Girassóis».
             Pasteur foi admitido como membro da Academia de Medicina, em 1873 e em 1882 na Academia Francesa, prestigiadas instituições.
             Em 1940, na 2ª Guerra Mundial, quando as tropas de Hitler invadiram a França, um grupo de militares quís forçar a entrada do Instituto Pasteur – onde repousam, numa cripta os restos mortais de Pasteur. José Meister era o responsável pela segurança e, ao verificar que não conseguia impedir os nazis entrassem, suicidou-se (os cientistas nazis tinham a paranóia de estudar os cérebros de pessoas consideras génios). Mas o cérebro de Pasteur não foi roubado.
             Luís Pasteur já entrara na História pela sua descoberta, mas o seu contributo para a Humanidade foi muito maior. O estudo da fermentação levá-lo-ia a descobrir o porquê dos vitivinicultores, de diversas zonas do seu país verificarem, com tanta frequência que os seus vinhos se transformavam em vinagre, sendo uma enorme perca para a economia francesa. E isto passou a ser particularmente grave a partir de 1860, depois de assinado o tratado comercial entre a França e a Grã-Bretanha, por se verificar que grande percentagem dos vinhos não resistiam à viagem, estragando-se irremediavelmente. Nessa época a França produzia 50 milhões de hectolitros de vinho por ano. A perda do precioso líquido era uma calamidade. O imperador Napoleão III (sobrinho de Napoleão Bonaparte) pediu a Pasteur que investigasse o porquê da fermentação do vinho e proporcionou-lhe as melhores condições de trabalho, equipando laboratórios para que o grande químico pudesse dedicar-se inteiramente a essa investigação. Foi criado, em 1867 o laboratório de físico-química expressamente para Pasteur, na Escola Normal Superior. Depois de aturados estudos o cientista descobriu que submetendo o vinho a um aquecimento elevado durante alguns segundos, e logo de seguida, a um repentino abaixamento da temperatura a menos de dez graus, matava os germes que alteravam os líquidos. Este sistema foi depois utilizado na cerveja e vinho, daí o termo «pasteurizado» que todos conhecemos.

Criador da Microbiologia


             O cientista ao verificar a disseminação de germes no ar lançou as bases da microbiologia (1858-1864). Também estudou a doença que atacava os bichos-da-seda ainda em casulo. Como se sabe, a França tem uma centenária tradição de fabrico de seda natural e as descobertas de Pasteur tiveram uma imensa repercussão na economia do País. Modesto e simples Pasteur recusou receber cem mil francos pelos direitos da vacina contra o carbúnculo que até então dizimava os carneiros da África do Sul e recordava com pesar que o seu colega alemão Liebig tinha autorizado que o seu nome fosse comercializado nas famosas sopas enlatadas. Hoje poucos sabem que Justus von Liebig (1803-1873) foi um eminente químico alemão que estudou a fermentação dos frutos e legumes e foi o fundador da química orgânica, em 1840.
             Na vida do casal Pasteur também havia convites irrecusáveis, como aquele que lhes foi feito pelo Imperador Napoleão III para irem passar uns dias com o casal imperial a Compiègne. Napoleão III foi casado com uma espanhola a imperatriz Eugénia do Montijo, extremamente bonita e que morreu com mais de 90 anos.
             Pasteur aos 46 anos é vítima de uma trombose que lhe paralisou o lado esquerdo do corpo, mas continuou a trabalhar, mas sabe-se que o cientista era difícil no trato com os colaboradores. Um deles queixava-se. «É uma excelente pessoa, excepto quando trabalhamos com ele. Aí, é inflexível e autoritário».

Pasteur versus Koch


             Por essa época o médico e cientista Robert Koch (1843-1910), prémio Nobel da Medicina em 1905, descobriram, com base nas investigações de Pasteur, que o germe do antraz (doença grave detectada primeiro nos animais e de fácil propagação aos humanos) poderia ser estudado em laboratórios. Koch descobre a cura da tuberculose, que foi conhecida como «bacilo de Koch.» Mas Pasteur também tinha as suas intolerâncias e não quís trabalhar com Koch, porque este, além de alemão, tinha sido militar e lutado contra a França na sangrenta guerra franco-prussiana entre 1870-1871.
             Pasteur passou a usufruir de uma pensão dada pelo governo de Napoleão III, a partir de 1887. Sempre a trabalhar em 1882 descobre a cura do carbúnculo. Aos 70 anos recebeu da III República Francesa uma grandiosa homenagem, na Sorbonne, estando presentes representantes dos Governos de Itália, Rússia, Suécia, Alemanha e Turquia. Deve-se à rainha D. Amélia de Orleães e Bragança, de origem francesa teve a iniciativa de abrir em Portugal o primeiro Instituto Pasteur.
             Luís Pasteur morreu a 28 de Setembro de 1895 e a viúva opôs-se a que fosse para o Panteón onde repousam os notáveis de França. No ano seguinte passou a repousar numa cripta especialmente concebida para ele no Instituto Pasteur. As cerimónias fúnebres ocorreram em 5 de Outubro no Palácio de Versalhes e tiveram as honras de um funeral de Estado. O cortejo fúnebre saiu da basílica de Nôtre-Dame e o presidente da República Feliz Faure esteve presente. O rei D. Carlos de Portugal fez-se representar pelo seu ajudante de campo e o elogio fúnebre coube a Poincaré, ministro da Instrução. Pasteur ocupa um lugar cimeiro na Ciência mundial do séc. XIX. 

Texto de Maria Luísa V. de Paiva Boléo

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

PABLO NERUDA - POETA CHILENO - MORREU EM SANTIGO DO CHILE A 23 DE SETEMBRO DE 1974 APÓS GOLPE DE ESTADO DE PINOCHET

Saudade

Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...

Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...

Saudade é sentir que existe o que não existe mais...

Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...

Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.

E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.

O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.
Pablo Neruda

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

A BIBLIOTECA NACIONAL CELEBRA O CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DE iILSE lOSA

Ilse Losa (1913-2006)

MOSTRA 

| 9 setembro - 16 novembro 

| Sala de Referência 

| Entrada livre


No ano em que se comemora 

o centenário do nascimento de Ilse Losa, 

a BNP dedica-lhe uma pequena mostra. 

Para além da bibliografia, 

poderão ser vistos 

alguns originais de artistas 

que ilustraram a sua obra, 

como Júlio Resende, 

João Machado e João Nunes.


Ilse Losa nasceu em Bauer, 

na Alemanha, a 20 de março de 1913, 

e morreu no Porto, a 6 de janeiro de 2006. 

Frequentou o liceu em Osnabrück e Hildesheim 

e depois o Instituto Comercial em Hannover.
Durante o ano de 1930, em Inglaterra, 

teve os primeiros contactos 

com escolas infantis 

e com os problemas das crianças. 

Sendo judia, foi forçada 

a sair definitivamente da Alemanha em 1934, 

refugiando-se em Portugal, 

onde casou com o arquiteto Arménio Losa, 

adquirindo a nacionalidade portuguesa.

(ver +)

domingo, 15 de setembro de 2013

A 17 de SETEMBRO de 1850 nasceu


alto funcionário administrativo,
político, deputado, jornalista,
escritor e poeta português (m. 1923).






O Primeiro Filho(Carta ao amigo Bernardo Pindela)

Entre tanta miséria e tantas coisas vis
Deste vil grão de areia,
Ainda tenho o condão de me sentir feliz
Com a ventura alheia.

À minha noite triste, à noite tormentosa,

Onde busco a verdade,
Chegou com asas d'oiro a canção cor-de-rosa
Da tua felicidade.

És pai, viste nascer um fragmento d'aurora

Da tua alma, de ti...
Oh, momento divino em que o sorriso chora,
E em que o pranto sorri!

Que ventura radiante! oh que ventura infinda!

Olímpicos amores
Ter frutos em Abril com o vergel ainda
Carregado de flores!

Deslumbramento!... ver num berço o teu futuro

Sorrindo ao teu presente!...
Ter a mulher e a mãe: juntar o beijo puro
Com o beijo inocente!...

Eu que vou, javali de flanco ensanguentado,

Pelos rudes caminhos
Ajoelho quando escuto à beira dum valado
Os murmúrios dos ninhos!

Em tudo que alvorece há um sorriso d'esperança,

Candura imaculada!...
E quer seja na flor, quer seja na criança
Sente-se a madrugada.

Quando, como um aroma, o hálito da infância

Passa nos lábios meus
Vejo distintamente encurtar-se a distância
Entre a minh'alma e Deus.

A mão para apontar o azul, mão cor-de-rosa

Que aconselha e domina,
Será tanto mais forte e tanto mais bondosa
Quanto mais pequenina.

Guerra Junqueiro, in 'Poesias Dispersas'

NOVO COMEÇO


Neste novo ano

A Biblioteca
Vai ter
Caras novas
E de formas
Também novas
Irá ser
Centro de aprendizagens
Para todos.

BOAS LEITURAS
MUITAS AVENTURAS!